quinta-feira, 1 de setembro de 2011


Agostinho Confessa a Glória de Deus e a Depravação Humana.

   Agostinho, pai da igreja, teólogo e bispo, encontrou-se numa encruzilhada importante da teologia e encaminhou todo o Ocidente para uma determinada direção:

Agostinho marca o fim de uma era e o inicio de outra. É o ultimo dos
escritores cristãos da antiguidade e o precursor da teologia medieval.
As principais correntes da teologia da Antiguidade convergiam para ele
e dele fluíram as correntes, não somente do escolasticismo medieval
mas também da teologia protestante do século XVI.


    Alguns rotularam a corrente teológica iniciada por Agostinho e que se estendeu durante os séculos da teologia ocidental de agostinismo e identificaram corretamente sua característica principal como sendo a “ênfase na supremacia absoluta de Deus e a conseqüente fragilidade e dependência absoluta da alma da graça de Deus”.
   Esse ponto central da teologia de Agostinho, obviamente, não era uma idéia completamente nova apresentada por ele. Pais da igreja, anteriores a ele, também acreditavam na supremacia de Deus e na dependência da alma humana na graça e assim ensinavam. Agostinho, no entanto, deu novo enfoque a essas idéias e reuniu-as em uma nova forma. Conforme veremos, o agostinismo introduziu na corrente do pensamento cristão o que é chamado de Monergismo: a idéia e a crença de que a agencia humana é inteiramente passiva e a de Deus é totalmente determinante, tanto na História universal quanto na salvação individual. Muitas pessoas já conhecem parte disso como Predestinação e automaticamente associam-na ao reformador protestante do século XVI João Calvino. No entanto, a perspectiva mais ampla consiste nas idéias monergisticas de Agostinho a respeito da providencia e da salvação, nas quais Deus é o único agente e energia ativa, ao passo que os seres humanos, tanto coletiva como individualmente, são ferramentas e instrumentos da graça de Deus.

   A teologia cristã antes de Agostinho admitia o conceito do relacionamento entre Deus e o mundo chamado de Sinergismo: a idéia e crença de que a agencia de Deus e a agencia humana cooperem mutuamente de modo para produzir história e a salvação. Os cristão ortodoxos sempre creram, é claro, que o poder e a graça de Deus são supremos, mas quase todos os teólogos pré-agostiniano admitiam que Deus concede ao ser humano certo grau de liberdade para tomar determinadas decisões cruciais.
Embora Agostinho nunca rejeitou totalmente a liberdade humana, o teor global do seu pensamento milita contra qualquer liberdade genuína dos seres humanos de frustrar a vontade perfeita de Deus. Deus sempre consegue impor a sua vontade, mesmo quando os seres humanos pecam e realizam ações iníquas. O Deus de Agostinho é a “realidade que tudo determina”, cujo poder é a característica principal:

Embora Agostinho faça um esforço enorme para preservar tanto
a liberdade humana quanto a bondade de Deus, está claro que o seu
Deus é, acima de tudo, o governante imperial do universo e a única
coisa que não pode ser sacrificada a nenhum preço é o seu poder
absoluto. Essa é a base do pensamento de Agostinho, que compõe
as doutrinas mais associadas ao seu nome.


Fonte: Historia da Teologia Cristã - Pgs. 259 e 260 de Roger E Olson.

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