Agostinho Confessa a Glória
de Deus e a Depravação Humana.
Agostinho, pai da igreja, teólogo e bispo, encontrou-se numa
encruzilhada importante da teologia e encaminhou todo o Ocidente para uma
determinada direção:
Agostinho marca o fim de uma era e o inicio de
outra. É o ultimo dos
escritores cristãos da antiguidade e o
precursor da teologia medieval.
As principais correntes da teologia da
Antiguidade convergiam para ele
e dele fluíram as correntes, não somente do
escolasticismo medieval
mas também da teologia protestante do século
XVI.
Alguns
rotularam a corrente teológica iniciada por Agostinho e que se estendeu durante
os séculos da teologia ocidental de agostinismo e identificaram corretamente sua
característica principal como sendo a “ênfase na supremacia absoluta de Deus e
a conseqüente fragilidade e dependência absoluta da alma da graça de Deus”.
Esse ponto central da teologia de Agostinho, obviamente, não era uma idéia
completamente nova apresentada por ele. Pais da igreja, anteriores a ele, também
acreditavam na supremacia de Deus e na dependência da alma humana na graça e
assim ensinavam. Agostinho, no entanto, deu novo enfoque a essas idéias e
reuniu-as em uma nova forma. Conforme veremos, o agostinismo introduziu na
corrente do pensamento cristão o que é chamado de Monergismo: a idéia e a crença de que a agencia humana é
inteiramente passiva e a de Deus é totalmente determinante, tanto na História universal
quanto na salvação individual. Muitas pessoas já conhecem parte disso como Predestinação e automaticamente
associam-na ao reformador protestante do século XVI João Calvino. No entanto, a
perspectiva mais ampla consiste nas idéias monergisticas de Agostinho a
respeito da providencia e da salvação, nas quais Deus é o único agente e
energia ativa, ao passo que os seres humanos, tanto coletiva como
individualmente, são ferramentas e instrumentos da graça de Deus.
A teologia cristã antes de Agostinho admitia o conceito do
relacionamento entre Deus e o mundo chamado de Sinergismo: a idéia e crença de que a agencia de Deus e a
agencia humana cooperem mutuamente de modo para produzir história e a salvação.
Os cristão ortodoxos sempre creram, é claro, que o poder e a graça de Deus são
supremos, mas quase todos os teólogos pré-agostiniano admitiam que Deus concede
ao ser humano certo grau de liberdade para tomar determinadas decisões
cruciais.
Embora Agostinho nunca rejeitou
totalmente a liberdade humana, o teor global do seu pensamento milita contra
qualquer liberdade genuína dos seres humanos de frustrar a vontade perfeita de
Deus. Deus sempre consegue impor a sua vontade, mesmo quando os seres humanos
pecam e realizam ações iníquas. O Deus de Agostinho é a “realidade que tudo
determina”, cujo poder é a característica principal:
Embora Agostinho faça um esforço enorme para
preservar tanto
a liberdade humana quanto a bondade de Deus,
está claro que o seu
Deus é, acima de tudo, o governante imperial
do universo e a única
coisa que não pode ser sacrificada a nenhum
preço é o seu poder
absoluto. Essa é a base do pensamento de
Agostinho, que compõe
as doutrinas mais associadas ao seu nome.
Fonte: Historia da Teologia Cristã - Pgs. 259 e 260 de Roger E Olson.